
É um filme de tribunal. O filme começa com Marty, um advogado bem sucedido, concedendo entrevista explicando, em síntese, que culpado ou não, todo réu tem direito à melhor defesa possível. Acrescenta que, no tribunal, o importante não é a verdade e sim a "ilusão da verdade" que for criada na cabeça dos jurados.
Marty pega um caso que promete ser de grande repercussão, apenas para se promover. O acusado não tem dinheiro para lhe pagar e sua causa parece perdida: convivia com a vítima e foi preso momentos depois do assassinato, coberto de sangue, fugindo da cena do crime. Mas para esse advogado vaidoso e autoconfiante quanto mais difícil for a causa, mais gloriosa será sua vitória.
A promotoria acusa o réu de ter cometido um assassinato brutal com todos os agravantes, enquanto a defesa insiste na tese de que poderia haver uma terceira pessoa na cena do crime. Porém, durante a investigação para juntar elementos que sustentem a “ilusão da verdade” que está criando, Marty acaba ficando intrigado em descobrir a própria verdade. É aí que as surpresas se sucedem.
Como no Samba de Uma Nota Só do Tom Jobim ―“Eis aqui este sambinha feito de uma nota só. Outras notas vão entrar, mas a base é uma só.” ― este é o filme de dois personagens só: o advogado Martin e o réu Aaron. Outros personagens vão entrar, mas a base são dois só.
Ainda não comentei sobre Aaron? Nem vou para não antecipar mais nada. Assista o filme.
REFERÊNCIAS
Gregory Hoblit dirigiu Possuídos em 1988: Denzel Washington é um detetive que enfrenta o sobrenatural após perceber que os assassinatos do criminoso serial que ele prendeu continuam acontecendo após sua execução. Em 2006 fez Um Golpe de Mestre: Anthony Hopkins matou com um tiro na cabeça a esposa que o traiu. Foi preso. E solto porque o promotor não conseguiu provar. Mas a disputa entre os dois continua.
Richard Gere, o advogado Marty, fez: Sempre a Seu Lado; Noites de Tormenta, A Caçada; Justiça a Qualquer Preço; Chicago; Outono em Nova Iorque; Uma Linda Mulher; Gigolô Americano; etc.
Edward Norton, que interpreta o réu Aaron, foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por este papel e de melhor ator por A Outra História Americana. Atuou ainda em: O Incrível Hulk; Força Policial; O Ilusionista; O Despertar de Uma Paixão; Clube da Luta; etc.
DIA IDEAL PARA ASSISTIR
Quando quiser assistir um bom filme de tribunal.
POR QUE GOSTEI?
A trama é genial.
SERVIÇO
Para Evitar Mal-Entendido
Investidores estão comprando todos os imóveis de uma área degradada da cidade para um ambicioso projeto imobiliário. São pessoas influentes que jogam bruto, dentre elas, o próprio promotor-chefe Shaughnessy. Pinero, um proprietário que se recusa a sair da área, foi espancado pela polícia e Marty conseguiu uma gorda indenização judicial para ele. O bispo, por razões sociais, impediu o desenvolvimento do projeto ao redor das terras da igreja acarretando enorme prejuízo ao grupo de investidores. Pode fazê-lo porque a Fundação Rushman, responsável pelas obras comunitárias da Igreja, era um dos investidores.
O desfecho desta trama secundária acontece durante uma sessão do julgamento de Aaron (1:37:22) podendo induzir o espectador a pensar que seja relevante ao caso do assassinato do bispo, mas não é. Marty apenas aproveita a ocasião para vingar-se de outro assassinato (1:36:47).
Para Acompanhar
A história se passa na maior parte do tempo na sala do tribunal, no escritório do advogado ou na cela do réu. As cenas com comes e bebes são escassas. Penso que pipoca e refrigerante seja apropriado. Cerveja também. Desejando algo mais forte, pode-se acompanhar Marty (1:20:12) no que me parece ser bourbon (uísque de milho) cowboy (sem gelo).
Pausa
Um ponto bom para interromper a sessão aproximadamente no meio é ao final da cena em que Marty perde a paciência com seus auxiliares porque não descobriram a que se referia o número entalhado no peito da vítima e a promotoria descobriu (1:01:44). Na próxima sequência aparece um fato novo importante.
Mais Informações
Título original: Primal Fear. Produção: 1996. Classificação: 14 anos. Para ver mais acesse o portal da Paramount Brasil: http://www.paramountbrasil.com.br/nossos_filmes_ficha.asp?idP=104242N&id=2834
EM DESTAQUE
Mensagem
Dói provar do próprio veneno.
Logo no início do filme, Marty vangloria-se de criar a “ilusão da verdade” na mente dos jurados. Faz parte do jogo de tribunal. Mas como ele se sentiria se essa arma fosse usada contra ele? (Quem já assistiu o filme sabe exatamente do que estou falando.)
Tradutor, traidor
(0:58:14) A testemunha lê o trecho sublinhado de um livro: “Homem algum, por qualquer período (considerável) de tempo pode usar um rosto para si e outro para a multidão sem acabar por confundir-se sobre qual deles é o verdadeiro”. A legenda omitiu a palavra entre parênteses, o que faz toda diferença, pois é fácil manter duas caras durante algum tempo, o difícil é mantê-las por um período considerável. Esse texto é importante porque se refere ao criminoso, não a vítima como supôs a testemunha, e explica o lapso que determina ao desfecho do filme (2:01:46).
Detalhe
(0:07:18) O promotor sugere um acordo para o Estado indenizar o cliente de Marty com um milhão e meio de dólares. Acredita que, devido à comissão de 40%, o advogado vai convencer o cliente a aceitar a oferta. Quarenta por cento! Por isso que americano “ama” advogado.
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