
É uma fantasia romântica. O título refere-se ao encontro do milionário Bill Parish com a morte. O que normalmente aconteceria apenas no momento derradeiro, dá-se com antecedência. Para conhecer melhor o mundo dos vivos, a Morte resolveu conviver um pouco com a vítima, antes de levá-la. Mas precisa assumir uma aparência humana para não assustar as outras pessoas.
Na história das religiões o divino sempre gostou de proximidade com o humano. Os deuses grego-romanos tinham filhos conosco, como o herói Hércules, nascido de Júpter com a mortal Alcmena; Deus poderia ter dito “Faça-se a salvação” e a salvação seria feita, mas preferiu que Jesus nascesse humano, filho de Maria, para nos salvar; acredito que a Morte fosse capaz de obter o conhecimento que queria sem se materializar, mas ela também quis “sentir na carne” o prazer e a dor de ser mortal.
Susan, médica, é caçula e filha predileta de Bill Parish. Um dia ela encontra um belo rapaz na lanchonete em frente ao hospital onde trabalha. Conversam, ficam mutuamente encantados, mas se despedem sem trocar telefones ou saber o nome um do outro. Ela dobra a esquina e não o vê ser atropelado ao atravessar a rua. Era o sobrenatural arranjando um corpo para si.
Na pele do rapaz atropelado, a Morte adota o nome de Joe Black, hospeda-se na casa do milionário, faz-se de seu assistente pessoal e o acompanha diariamente ao trabalho.
Joe Black é uma figura fascinante que alia o poder absoluto da Morte à beleza física (do Brad Pitt) e à inocência de uma criança ávida por aprender. Quando Joe Black se apaixona por Susan, ele considera que seu aprendizado humano está completo e que é hora de partir levando Bill Parish. Mas será que o poderoso Joe vai, simplesmente, desistir de Susan? Para saber a resposta, assista o filme.
Drew é um jovem ambicioso que era braço direito de Bill Parish nos negócios e noivo de Susan até Joe Black aparecer. Ele, previsivelmente, não vai ficar satisfeito, nem aceitar passivamente a nova situação.
REFERÊNCIAS
Martin Brest dirigiu Perfume de Mulher em 1992: Al Pacino é um militar aposentado, cego e amargo, que contrata um estudante pobre para acompanhá-lo na viagem a Nova Iorque onde pretende suicidar-se. No convívio, interessa-se pelo drama do jovem que corre o risco de ser injustamente expulso do colégio. Em 2003 fez Contato de Risco: Bem Affleck sequestra o irmão caçula de um promotor público e acaba se apaixonando por Jennifer Lopez, a gangster que o ajuda.
Brad Pitt, o ator que interpreta Joe Black, dispensa apresentações, duas vezes indicado ao Oscar, atuou em: Bastardos Inglórios; O curioso Caso de Benjamin Button; Babel; Sr. E Sra. Smith; Tróia; Onze homens e Um Segredo; etc.
Anthony Hopkins, o ator que interpreta Bill Parish, também dispensa apresentações, quatro vezes indicado ao Oscar, é o ator que fez o canibal Hannibal na trilogia: Silêncio dos Inocentes (quando ganhou o Oscar de melhor ator), Hannibal e Dragão Vermelho. E também atuou em: Terra das Sombras; Nunca Te Vi, Sempre Te Amei; etc.
DIA IDEAL PARA ASSISTIR
Qualquer dia é bom para ver este filme leve e despretensioso. Mas não vá assisti-lo esperando trama intrincada ou reflexões profundas.
POR QUE GOSTEI?
É uma história romântica que contrapõe, em âmbito pessoal e de negócios, o desejo legítimo à ganância.
SERVIÇO
Para Acompanhar
Os ambientes são sofisticados, o filme todo se passa à espera da nababesca festa de aniversário de Bill Parish: sucos exóticos, espumante rose, pistache e chocolates finos viriam a calhar.
Pausa
O filme é longo, tem 3 horas de duração. Um ponto bom para interromper a sessão aproximadamente ao meio é ao final da cena (1:25:16) em que Susan vai se aninhar no ombro do pai e revelar que está gostando de Joe Black. Bill Parish, para surpresa da filha, não aprova. É um ponto de transição no enredo.
Mais Informações
Título original: Meet Joe Black. Produção: 1998. Classificação: 14 anos. Para ver mais acesse o portal oficial da Universal Pictures Brasil: http://www.universalpictures.com.br/filmes.asp?id=5713
EM DESTAQUE
Falha
Joe chegou à casa de Bill com a roupa do corpo, jantou e ficou para dormir. No dia seguinte (0:50:52) veste outra roupa, elegante, que lhe cai perfeitamente bem, sem qualquer explicação para sua origem.
Curiosidade
Bill Parish beija as filhas na boca e até o desvalorizado e pouco atraente Quince (1:23:42) dá selinho na cunhada Susan, a caçula xodó do milionário. Como o americano médio é pouco afeito ao contato físico social, imagino que o cumprimento com o beijinho na boca seja mais um diferencial dos muito ricos.
Experiência Pessoal
Em férias na praia de Canoa Quebrada (CE), sugerindo poses para fotos, insisti para que meu filho e minha mulher dessem um selinho. Ao rever as imagens no visor da máquina digital dei pela falta do selinho. Meu filho se acusou: “Já apaguei. É constrangedor um menino de 11 anos beijar a mãe na boca.” Vê-se que não somos milionários americanos.
Mensagem
O amor vai além do desejo.
Joe Black acredita que ama Susan e, certamente, a deseja. Mas ele é a Morte encarnada. Será o amor um sentimento humano demais para Joe Black? Esse é o dilema que conduz as ações no encerramento do filme.
Detalhes
(0:08:21) Bill Parish fala para filha que quer vê-la delirantemente feliz, “flutuar, cantar extasiada, dançar como um derviche”. Derviches são monges maometanos que, pelo visto, dançam com grande alegria.
Em (0:11:09) começa uma sequencia especialmente romântica, quando Susan conhece um rapaz na cafeteria. Conversam. Ele é sensível e atencioso. Sua doçura seduz. E fala o que toda mulher gostaria de ouvir.
Para quem gosta de arte moderna, uma brincadeira divertida é tentar reconhecer os quadros no apartamento, na casa de campo e na empresa de Bill Parish. Em (0:41:55), por exemplo, Joe Black sai por uma porta que tem um grande Rothko à esquerda. Muda o ângulo de tomada da cena e vê-se um Miró. Minutos depois, é Bill Parish que sai por uma porta e aparece outro Rohko, diferente, à direita. Também tem Picasso (ou Brake) da fase cubista, Kandinsky e outros.
Um exemplo da apaixonante inexperiência humana de Joe Black é seu diálogo com Susan na biblioteca (1:32:54): “Eu sinto uma fraqueza nos joelhos.” “E o seu coração está acelerado?” “Sim, rapidíssimo.” Que fica bem mais saboroso que o clássico: "Eu te amo".
Eu estranhei a sequencia em (1:46:17) em que o casal começa a se despir à beira da piscina na cobertura do prédio e, de repente, sem locomoção ou corte de cena, está providencialmente ao lado de uma cama. Pareceu-me uma falha. Voltei com a imagem até que uma panorâmica do ambiente (1:44:27) mostrou a cama. Não satisfeito, retrocedi à primeira vez em que a piscina aparece (0:45:22) e lá estava, desde o início, a cama à beira d’água.
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