Tenho mais de 2.000 DVD e Blu-ray. Às vezes, tomo a liberdade de recomendar filmes de que gosto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

JUNO

Uma história basicamente adolescente e feminina, cômica e romântica, bem contada a ponto de agradar adultos de ambos os sexos. Juno é uma garota de 16 anos, deliciosamente honesta e original, que resolve experimentar o sexo com seu melhor amigo e engravida (a natureza cumpre seu papel).

O aborto, legal no país, parece ser a solução mais rápida e prática. Juno vai a uma ONG para fazer a intervenção, mas é abordada no caminho por uma ativista antiaborto que lhe diz que “fetos têm unhas”. Enquanto aguarda sua vez na clínica, é perturbada por essa idéia que faz do feto uma “pessoinha”. Desiste do aborto, resolve assumir a gravidez e doar o bebê em adoção. A família apóia a decisão. Juno encontra nos anúncios classificados um casal excelente para adoção: jovem, bonito, simpático e de boa situação financeira.

Muitas vezes, uma dose de inconseqüência ajuda os casais a procriarem. Mas a adoção não tem esse auxílio, é um processo absolutamente consciente, que envolve contratar advogado e assinar papéis. Não é fácil. Juno é saudável, bonita e carismática, a mãe biológica ideal. E a gravidez corre às mil maravilhas. No entanto, depois de tudo acertado, às vésperas de ela parir, a insegurança aflora no casal adotante: o filho pode ser a realização de um sonho, ou um grande obstáculo para ambições ainda por realizar. O casal desiste da adoção? Assista o filme.

O enredo mexe com a gente porque explora o conflito de interesse entre o indivíduo moderno que deseja liberdade e sua natureza que quer filhos. E ainda cutuca um preconceito social. Os brasileiros encararam com naturalidade o fato de adolescentes pobres darem seus filhos em adoção, mas se chocam quando a mocinha de classe média decide fazê-lo.

O filme é feminista, não apenas pela temática de gravidez e maternidade. Nos casais protagonistas, tanto no que engravida, quanto no que quer adotar, as mulheres são carismáticas e decididas e os homens, imaturos.

REFERÊNCIAS
O filme mais conhecido do diretor Jason Reitman, antes de Juno, é Obrigado por Fumar de 2005: Uma comédia em que um relações públicas da indústria tabagista é tão carismático e inteligente que sempre consegue transmitir uma imagem positiva para o direito de fumar.

Ellen Page, a Juno, ainda atuou em: Um Crime Americano; X-Men – O Confronto Final; Menina Má.com; etc.

QUER MAIS?

4 indicações para o OSCAR 2007: melhor filme, diretor, roteiro original e atriz. Ganhou o Oscar de melhor roteiro original.

DIA IDEAL PARA ASSISTIR

Para as mulheres, qualquer dia é bom. Para os homens, aconselho assistir quando estiver especialmente de bem com elas.

POR QUE GOSTEI?

É uma história divertida que trata com leveza temas complexos como a gravidez adolescente e a adoção.

SERVIÇO

Para Acompanhar
Nada de especial: pipoca e refrigerante. (0:40:50) Eles tomam um refresco de ginseng cor de laranja, se você encontrar, é uma idéia.

Pausa
Um ponto bom para interromper a sessão aproximadamente no meio é quando Juno vai à casa do casal adotante para mostrar a imagem de ultra-som do feto. Apenas o marido está em casa e eles ficam conversando sobre musicas e filmes. Parar ao final da cena depois que a mulher chega e mostra as compras que fez para o bebê (0:47:40).

Mais Informações
Título original: Juno. Produção: 2005. Classificação: 10 anos. Para ver mais acesse o portal oficial da Paris Filmes: http://www.grupoparisfilmes.com.br/Cinema.aspx?v=2&id=300

EM DESTAQUE

Falha
Aquela cena que apareceu numa propaganda de tevê, que o pai de Juno chega à porta de boné e, de repente, o boné some acontece quando pai e filha vão conhecer o casal de adotantes (0:26:46).

Curiosidade
(0:00:46) Início do filme, antes dos créditos. No momento em que Juno e seu colega de escola fazem o amor que irá engravidá-la, toca Amor em Paz de Tom Jobim e Vinícius de Moraes (cantado em inglês):

Eu amei, e amei ai de mim muito mais do que devia amar
E chorei ao sentir que iria sofrer, e me desesperar
Foi então, que da minha infinita tristeza aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver e de amar em paz
E não sofrer mais, nunca mais
Porque o amor, é a coisa mais triste, quando se desfaz.

Feminismo
A vantagem da natureza feminina é também sua desvantagem: a mulher é a grande protagonista do milagre da reprodução da vida e também fica com o maior ônus de um filho, principalmente, quando indesejado.

O ideal do feminismo seria a mulher conservar a vantagem feminina acrescida da maior liberdade masculina.

O filme consegue realizar a proeza: Juno e Vanessa, as mães biológica e adotiva, vivem as emoções da maternidade muito mais intensamente do que Paulie e Mark vivem suas paternidades. O que é realista. Mas o filme termina com Juno e Paulie igualmente descompromissados com o filho indesejado. O que é fantasioso. A experiência de dar ou criar o filho recém parido é bem mais traumática para a mulher.

Mensagem
O melhor remédio para as agruras do amor é o amor.

Detalhe
No início do filme (0:06:22), Juno entra no quarto, o interruptor da luz é um pino que sai do meio das pernas de uma figura masculina. Ao ser levantado, dá a luz. Note bem, o sujeito dá a luz e não dá à luz, como as mulheres.

― 11 ―

Um comentário:

Tita disse...

um amorzinho de filme... com atores muito cativantes