
A história, que se passa no tempo em que as carruagens dividiam as ruas com os primeiros automóveis, conta o despertar do amor entre um solteirão rico, egoísta e misógino e uma humilde vendedora de flores de porta de teatro em Londres.
Ele, Professor Higgins, é um linguista de saber e ouvido tão apurados que é capaz de identificar, pelo modo de falar, em que bairro de Londres uma pessoa foi criada. Defende a tese de que é o linguajar característico do pobre que o impede de ser admitido em ambientes bem frequentados e de conseguir empregos dignos, enfim, de ascender socialmente. Para demonstrar tal convicção, propõe-se a introduzir uma moça rude nos ambientes mais exclusivos de Londres com apenas seis meses de treinamento linguístico.
Eliza Doolittle é a cobaia de Higgins, uma jovem mal-tratada e de linguajar horroroso que vai se revelar graciosa.
É um musical com a leveza das modernas comédias românticas. Quem tem restrições ao gênero vai surpreender-se com a integração harmoniosa do canto à trama. E as coreografias são extremamente naturais, nada que se pareça ao virtuosismo de Fred Astaire e Gene Kelly.
REFERÊNCIAS
George Cukor foi três vezes indicado ao Oscar de melhor diretor e venceu uma, justamente com este filme. Em 1940 fez Núpcias de Escândalo com Cary Grant, Katharine Hepburn e James Stwart: Uma milionária começa a enxergar a verdade sobre si própria ao receber, na véspera de seu novo casamento, a visita do ex-marido que se tornara repórter de um tablóide de fofocas.
Rex Harrison, o professor Higgins, duas vezes indicado ao Oscar de melhor ator, ganhou por este papel. Também atuou em: Cleópatra (como Júlio César); Ana e o Rei do Sião (de 1946) e dezenas de outros filmes antigos.
Audrey Hepburn, a Eliza Doolittle, foi cinco vezes indicada ao Oscar de melhor atriz e venceu uma. Atuou também em: Sabrina; Quando Paris Alucina; Charada; Bonequinha de Luxo; Cinderela em Paris; etc.
QUER MAIS?
13 indicações para o OSCAR 1964. Venceu em oito categorias, inclusive, na de melhor filme.
DIA IDEAL PARA ASSISTIR
Quando quiser assistir a um excelente filme musical.
POR QUE GOSTEI?
É um filme esteticamente sofisticado: visualmente deslumbrante, com lindas canções e história graciosa.
SERVIÇO
Para Acompanhar
O filme é extremamente inglês, sugiro uma degustação de chás e biscoitos amanteigados.
Pausa
É um filme longo, com quase três horas de duração. Já vem dividido aproximadamente ao meio por um intervalo que começa em (1:41:31).
Mais Informações
Título original: My fair Lady. O filme quase não é referenciado pelo título brasileiro, Minha Bela Dama, que nem sequer aparece na capa do dvd (ao menos, na edição que possuo). Produção: 1964. Classificação: Livre. Para ver mais acesse o portal oficial da Paramount Brasil: http://www.paramountbrasil.com.br/nossos_filmes_ficha.asp?idP=&id=4798
EM DESTAQUE
Curiosidades
(2:10:30) Audrey Hepburn, aquela lindeza, cantando nesta cena de quase beijo, exibe um molar “preto” no maxilar superior. Não deu para ver se era falta de um dente ou uma imensa obturação de amalgama. Outra possibilidade seria alguma sombra acentuada indevidamente pelo processo de restauração do filme. Embora eu tenha congelado a imagem num televisor de 71 polegadas, a baixa resolução do dvd não me permitiu discernir (estou quase comprando o filme em blu-ray só para tirar a dúvida).
Mensagem
Todos resistimos mudar, ainda que para melhor.
É a mensagem que professor Higgins nos dá ao final.
Detalhes
(0:21:11) A pessoas ficam estáticas na praça como no teatro sem truques digitais, em algumas você percebe o sutil pendular que a mudança do pé de apoio provoca.
(0:37:50) O quarto de Eliza Doolittle na casa do Professor Higgins é lindamente romântico, parece até decorado pela Laura Ashley (empresa britânica de decoração e moda feminina que conserva o nome de sua fundadora). Veja que interessante, a pia (belíssima) da época em que não havia água encanada tinha um jarro rotativo no lugar da torneira. O banheiro da suíte também é maravilhoso.
(0:38:11) Fica claro que, na época, os britânicos pobres jamais tomavam um banho completo: “Está achando que eu vou entrar nesse negócio (banheira) e ficar toda molhada?”.
(0:40:35), (2:28:04) e (2:31:03) São os discursos mais egoístas e misóginos que já vi ― e que não teriam a mesma graça, se não fossem em parte verdadeiros.
(1:21:02) Na cena das corridas de cavalo, todos estão elegantemente vestidos, em branco, preto e tons de cinza até o professor Higgins aparecer vestindo marrom. Para uma pitada de surpresa, a conformidade é sutilmente interrompida em (1:23:38) por rápida aparição de uma mulher trajando rosa chá.
(1:36:00) Ao fundo, fora de foco, o detalhe da iluminação pública a gás sendo acesa.
(1:40:07) Fim do treinamento: Eliza aparece no topo da escada absolutamente encantadora. É comovente.
(1:41:00) Além de treiná-la a falar apropriadamente, professor Higgins teve de ensinar Eliza a se portar como uma dama. Quando saem para o grande baile, ela permanece imóvel até ele voltar para buscá-la, ao se dar conta de que damas devem ser conduzidas pelo braço. É sinal de que ela já se tornou uma verdadeira dama.
(1:43:01) Alusão clara ao baile da Cinderela.
(1:53:14) Doloroso: Eliza Doolittle volta a ser a gata borralheira e, (2:06:20) para a metáfora ser mais completa, termina a sequência remexendo o borralho.
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Um comentário:
Gostei muito da postagem. É um dos musicais mais bonitos que já vi. As musicas que ficaram para sempre foram "Icould have danced all night", "On the street where you live" e "I've grown accustomed to her face". Ainda da dupla Lerner e Loewe são também conhecidas: "If Ever I Would Leave You" do musical Camelot e "Almost Like Being In Love" do musical Brigadoon. Acho que My Fair Lady é um caso raro em que as letras valorizam a música e não o contrário. Ótimo filme! Vejo-o uma vez por ano. Parabéns pela postagem
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